Sobre a Hipnose

Histórico

 

No Brasil, a História registra a aplicação da Hipnose em Medicina desde 1832, quando Leopold Gamard escreveu uma biografia. Em 1861 foi fundada a Sociedade de Propaganda e Jury Magnético do Rio de Janeiro que teve em 3 de maio de 1862 o seu reconhecimento por D. Pedro II e que propugnava pela sua utilização através de experiências e aplicações feitas por médico competentemente reconhecido.

Em 1957 foi fundada, no Rio de Janeiro, a Sociedade Brasileira de Hipnose Médica, sendo David Akstein seu primeiro presidente. Desde logo esta entidade se filiou à Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, que por sua vez é constituinte da Associação Médica Brasileira.

São Paulo sediou, de 1968 a 1973, a Divisão Nacional do Brasil da “The International Society for Clinical and Experimental Hypnosis”. Esta, em 23 de maio de 1973, teve seu nome modificado para Sociedade de Hipnose Médica de São Paulo, que em 1974 passou a ser constituinte da Sociedade Brasileira de Hipnose.

Em Minas Gerais, surgiu o Departamento de Hipniatria da Associação Médica de Minas Gerais, a Sociedade Mineira de Hipnose e no Paraná a Sociedade de Hipnose do Paraná. Existem em outros Estados sociedades e entidades federadas, como a Federação Centro-Sul de Hipnose e a Confederação Brasileira de Hipnose, sediada em alguns Estados do Nordeste.

No mundo existem registros da utilização da Hipnose que datam de mais de 2000 anos, sendo que o seu uso científico ocorreu a partir de 1776 quando, em Viena, o Dr. Franz Anton Mesmer desenvolveu um procedimento psicoterápico a que denominou de Magnetismo Animal. Houve, a seguir, vários nomes dados ao mesmo procedimento, até que James Braid a denominou de Hipnotismo, de onde se derivou a palavra Hipnose que permanece até hoje.

 

O reconhecimento da Hipniatria como ato médico pelo Conselho Federal de Medicina.

 

Na verdade, não se trata de aprovação do uso da Hipnose em Medicina e sim do reconhecimento pelo egrégio Conselho Federal de Medicina desse procedimento como ATO MÉDICO. Sob a denominação de Hipniatria, esse reconhecimento decorreu do Processo Consulta nº 2.172/97, isto é, de consulta formulada em 22 de janeiro de 1997, pelo Dr. Mozart Smyth Jr, de Belo Horizonte, ao Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais, sobre a possibilidade de utilizar o termo HIPNOSE MÉDICA no receituário de seu consultório, sem ferir os ditames do Código de Ética Médica. O Conselho Regional de Medicina, de Minas Gerais, de posse da consulta, a encaminhou para o Conselho Federal de Medicina, que abriu um processo em que foi analisada a utilização da Hipnose na Medicina, nomeando os Conselheiros Paulo Eduardo Behrens e Ney Moreira da Silva como relatores. Os referidos Conselheiros consultaram a Sociedade de Hipnose Médica de São Paulo, constituinte regional da Sociedade Brasileira de Hipnose que, por sua vez, nomeou os Drs. Antonio Carlos de Morais Passos e Joel Priori Maia para representá-la. Seguiram-se reuniões em que a Sociedade de Hipnose Médica de São Paulo propôs aos dignos Conselheiros a denominação de HIPNIATRIA ao procedimento ou ato médico que utiliza a Hipnose como parte predominante do conjunto terapêutico.

Em 20 de fevereiro de 1999, o Conselho Federal de Medicina discutiu em Plenário a documentação apresentada, aprovando o parecer nº42/99, dando essa denominação ao ato médico, que se utiliza da Hipnose, como procedimento predominante.

O terno HIPNIATRIA já era de uso corrente e não oficial, tendo sido proposto por Miguel Calille Jr. Em 1973, com o parecer do Conselho Federal de Medicina, houve o reconhecimento aos bons serviços desenvolvidos por inúmeros profissionais médicos no Brasil e as entidades às quais são associados e que propugnam pelo seu emprego ético e científico no tratamento de seus pacientes.

 

O Conceito Científico da Hipnose

 

Modernamente a Hipnose é considerada como um “estreitamento de consciência provocado artificialmente, geralmente parecido com o sono, mas que deste se diferencia fisiologicamente pelo aparecimento de uma série de fenômenos que ocorrem espontaneamente ou decorrentes de estímulos verbais ou de outra natureza”.

Os primeiros experimentos da Hipnose perdem-se nas brumas do tempo. Porém, os primeiros relatos científicos decorrem da publicação de monografia em 1877, por Franz Anton Mesmer, seguido de experimentações do Marquês de Puységur, na França e, depois, pelo Abade Faria, que a atribuiu esses fenômenos à sugestão.

Na História da Hipnose, incluem-se nomes como Bernheim, Liébault e Charcot, na França, além de Pavlov, na Rússia, entre outros nomes. Freud, ao desenvolver a Psicanálise, considerava-se em seus escritos como “um herdeiro do hipnotismo”.

 

Indicações e Contraindicações da Hipnose

 

A Hipnose se imbrica e se entrelaça com quase todas as especialidades médicas. Durante a Primeira e Segunda Guerra Mundiais, a Hipnose foi amplamente utilizada como agente anestésico, nas analgesias e ainda como forma de tratamento das neuroses traumáticas de guerra. Com o advento da anestesia e analgesia químicas, teve sua aplicação nesse campo reduzida, mas ainda é muito utilizada nos casos em que se pretende obter a redução do uso de medicamentos e reduzir as tensões, estresses e ansiedades desencadeadas pela cirurgia.

 

Assim, poderemos apresentar um pequeno resumo de suas aplicações:

 

  1. Para o alívio da dor, principalmente nos casos de dor intratável, produzindo anestesia ou analgesia;
  2. Nos diferentes setores da clínica e cirurgia, especialmente na obstetrícia;
  3. Como agente tranquilizante no alívio dos estados de ansiedade, apreensão ou tensão, qualquer que seja a sua causa;
  4. Em qualquer situação em que a psicoterapia possa ser útil;
  5. No controle dos estados fóbicos, depressivos e ansiosos, nos quais é considerado agente psicoterápico eficaz;
  6. No controle da hemostasia e da salivação observada durante o tratamento dentário, bem como afastando as tensões desencadeadas pelo “medo de tratar os dentes”;
  7. Em crianças, no aprendizado, na redução das tensões, ansiedades e temores, na hiperatividade e na correção de hábitos danosos como o roer unhas (onicofagia), chupar o polegar etc.;
  8. No controle de alguns hábitos, como o alcoolismo, o tabagismo e a drogadição;
  9. Experimentalmente, em qualquer pesquisa no campo psicológico e neurofisiológico.

 

É necessário, porém, ficar atentos às suas contraindicações. A Hipnose não deve ser usada:

 

  1. Na remoção de sintomas pura e simplesmente, quando não se sabe a causa de sua ocorrência;
  2. Em qualquer condição em que o estado emocional do paciente não foi determinado;
  3. Sem objetivo definido, apenas para satisfazer o ego do paciente ou do profissional;
  4. Para abolir determinadas sensações, como a fadiga por exemplo, o que pode levar o paciente a ir além dos limites de sua capacidade física;
  5. Em psicóticos e esquizofrênicos deve ser feita apenas por psiquiatra experiente, pois tem sua ação limitada;
  6. São necessárias as qualidades de atenção, concentração e memória para o seu uso, o que a faz ter eficiência limitada em determinados graus de oligofrenia.

 

Tempo de Tratamento

 

O tempo de tratamento varia de um indivíduo para outro e de acordo com o quadro clínico que apresenta. A duração das sessões depende de cada caso e é variável, de acordo com sua complexidade e necessidade, tornando-se difícil estabelecer uma média de tempo.

 

HIPNIATRIA (HIPNOSE CLÍNICA) É ESPECIALIZAÇÃO

 

Hipniatria é especialização dentro da área de atuação da Psicoterapia, na Psiquiatria (especialidade), nas diversas Especialidades Médicas, na Odontologia e na Psicologia. Em outras palavras: Hipniatria não é especialidade, mas especialização em área específica do saber. Este saber encontra-se na Psicoterapia, nas técnicas de chegar ao inconsciente, para nele ressignificar os modelos ou programas que eliciam comportamentos indesejados ou pensamentos disfuncionais.

Psicoterapia é designação dada a qualquer forma de tratamento que atue por intermédio das faculdades mentais. Os principais métodos psicoterapêuticos são os seguintes: 1ª Sugestão. 2ª Persuasão. 3ª Análise. 4º Educação e ocupação, (Praxiterapia).

O objetivo acadêmico é ensinar aos profissionais da área de saúde recurso eficiente para atuar na transferência e cognições para o inconsciente.

A Psiquiatria (especialidade) vinha usando a Análise e a Praxiterapia há muitos anos. Com o incremento das Terapias Cognitivas e a Hipniatria, o conteúdo programático da Psicoterapia foi completado. Hoje, as principais indicações para a Psicoterapia são as seguintes: Cognitiva, Praxiterapia, Hipniatria e Psicanálise.

A Hipniatria tem em seu conteúdo informação que permite a passagem do insight cognitivo, da solução da queixa, para a parte executiva do inconsciente. Sabe-se que no inconsciente está localizada a parte executiva e automática do ser humano. Com a Hipniatria o paciente fica menos tempo em tratamento, diminuindo as recidivas e não havendo o perigo de dependência química. A Hipniatria trabalha com o significado da palavra.

 

Resumo: Áreas de atuação

 

Na Psiquiatria,
Nas diversas Especialidades Médicas,
Na Odontologia,
Na Psicologia,
Na Psicanálise,
Na Educação,
Na Fisioterapia,
Na Enfermagem.

O maior interesse é o ensino do tratamento que atue por intermédio das faculdades mentais.

A Resolução n.º 42 do CFM em 20 de agosto de 1999, fez da Hipnose Ato Médico com o nome de Hipniatria.

Resolução n.º 2.407 de 10 de outubro de 2002 (do CEP UNIRIO) criou a pós-graduação Latu-Senso de Hipniatria, que era coordenada pelo Prof. Jarbas Delfino dos Santos, na SOHIMERJ.

 

ATO MÉDICO

Em 2000 foi distribuído pelo CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO RJ o MANUAL DO MÉDICO e nele, na página 91, consta: “A hipnose é reconhecida como valiosa prática médica, subsidiária de diagnóstico e de tratamento, devendo ser exercida por profissionais devidamente qualificados e sob rigorosos critérios éticos. O termo genérico adotado por este Conselho é o de Hipniatria.”

Em 20 de agosto de 1999 o Conselho Federal de Medicina fez da Hipnose Ato Médico. (Parecer CFM nº 42/99).

A Hipnoterapia leva a pessoa a um estado especial da consciência. Nesse estado está mais suscetível à sugestão e recupera mais rapidamente a saúde ou liberta-se, mais rapidamente, de vícios.